quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ESCÓLIO

O poema editado abaixo, Fátuo, exige um escólio, um breve comentário para explicá-lo. O título significa "transitório", "fugaz". Apenas introduzido por essa palavra, o tema se insinua na imagem, para ser aclarado pelo rema: a vaidade. Velho tema, diga-se de passagem, eternizado pelo Eclesiastes. Uma das características da minha poesia é transformar o menor signo verbal, a palavra, em outros signos. Com o "bel(i)dade", quero relacionar beldade e bela idade. Em seguida, "va-i-dade", uma contradição: vaidade versus vai idade. Abaixo, "gra-v-dade" apresenta um detalhe que sugere o sentido da força gravitacional (para baixo) e o decote conhecido: a letra "v". Aprendi com grandes poetas, entre os quais o Oracy, que o poema deve ter um gran finale, como a "chave de ouro" no soneto. Com "há de", faço uma apreciação devastadora, mesmo que lacunar: a gravidade "há de" agir contra a vaidade, contra a bela idade, efeito que não poderá corrigir todo o silicone do mundo.

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