terça-feira, 1 de julho de 2008

DIAS DE SOL E VENTO


Cácio Machado da Silva faz sua estréia na literatura com Dias de sol e vento. O acontecimento tem data e local marcados: 10 de julho, Centro Cultural de Santiago. Entre os poemas, destaco
oo
FRATER
oo
NO ESCURO
ooooooooooooddo breu
ooooda grande pirâmide,
tateamos eternamente,
atrás

oooooda visão
ooooooodo grande olho.
ooo
Buscando saber
oooooooooooooque ser
oooooooooooooosomos
NO CLARO.
oo
oo
SER NADA
oo
OSTRA-SE
oooooooooo que teme seu verbo,
seus reflexos
ooooooooooopelos espelhos da vida,
se sofre calado
ooooooooooooem pé,
oooooooooooooooooooode joelhos,
deitado.
oo
Trancafia
suas ferramentas

ooooooooooooomais rudimentares,
e
passa

oooocomo se nada fosse.
oo
O ser nada,
oooooooooooooooooooo nada ser,
oooooooooooooooitambém passa,
ooooooooooooooooooé só querer!
ABRA-SE!
oo
oo

Dois aspectos me chamaram logo a atenção nos poemas do Cácio Machado: a oralidade, que caracteriza a poesia contemporânea, e o épico cotidiano. Por isso, Dias de sol e vento não necessitaria da classificação “prosa e verso” (subscrita ao título). Após a revolução estética modernista, os gêneros se (amalg)amam sem problema algum. O mesmo ocorrendo com o uso da linguagem, equivocadamente dividida em “universal” e “regional”. O autor canta sua aldeia com um frame crioulo (galpão, coxilha, saleiro, xucro) e canta os temas mais recorrentes do mundo sem fronteiras, com um lirismo enxuto de verborragia.
Alguns poetas (entre os quais me incluo) amadurecem tardiamente, por isso seus primeiros frutos já trazem a outonal doçura que desperta a fruição do leitor.
Dias de sol e vento revela um poeta maduro, na forma e no conteúdo. A partir de hoje, esse filho santiaguense se soma à plêiade que justifica o nobre epíteto dado a Santiago – Terra dos Poetas.

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