quinta-feira, 31 de julho de 2008

ÁGUA EM MARTE




"A sonda Phoenix, que explora o solo de Marte desde maio, confirmou nesta quinta-feira (31) a existência de água no planeta. A descoberta ocorreu depois que a Phoenix colocou amostras do solo em um instrumento que identifica os gases produzidos por substâncias. Para os técnicos, é a primeira vez que a existência de água é provada quimicamente." FOLHA.
Uma grande notícia! Muita coisa já foi fantasiada, pensada ou textualizada sobre o "planeta vermelho" (os marcianos, os canais, a cara, a possibilidade de existir vida), mas a comprovação científica da presença de água acolá é maravilhosa, porque representa mais um passo da humanidade em direção ao espaço.
Alguns dados sobre Marte:
- Distância média do Sol: 230 milhões de km;
- Duração do ano: 687 dias terrestres;
- Duração do dia: 24h 37' 12'';
- Velocidade orbital média: 24,13 km/s (da Terra é de 29,80 km/s);
- Diâmetro: 6.796 km (pouco mais da metade do diâmetro da Terra);
- Gravidade de superfície: 0,38 vezes o valor da gravidade da Terra);
- Temperaturas extremas: 17ºC (máxima) e -143ºC (mínima);
- Principais gases da atmosfera: Dióxido de Carbono (95%) e Nitrogênio (2,7%);
- Satélites: Fobos e Deimos.

ofício


o dia abre
sua oficina

ferreiro
o sol
dá a têmpera

metais
não são homens
que se
fundem

nas forjas
da algaravia

quarta-feira, 30 de julho de 2008

DESENCANTO... VACUIDADE

Pela primeira vez, manifesto o meu cansaço com relação a este blog. Outros blogueiros já o fizeram, entre os quais Guilhes Damian e Márcio Brasil. Talvez não seja cansaço o termo correto para expressar o desencanto, o sentimento de impotência, de vacuidade que sinto neste momento. Todo mundo escreve, bem ou mal, mas escreve. Para quê? Dentro de uma espécie de Babel (mil vezes aumentada pela digitalidade), qualquer coisa que se escreve, de uma beleza ou de uma verdade nunca vistas ou pensadas, perde-se em meio à tamanha algaravia. Hoje pensei em saltar fora dessa “babel eletrônica”, dar um tempo, viver como aqueles que não estão nem aí ou me retirar para uma montanha (como fez o Zaratustra de Nietzsche). Na última hora, considerei meus visitantes diários, leitores que devem gostar deste CONTRA(PONTO).

segunda-feira, 28 de julho de 2008

CONTRAPONTO

O pouco tempo em que trabalhei como professor foi suficiente para confirmar o que já sabia: apenas 5% dos alunos fazem a diferença (de acordo com um texto que circula na Internet). Os outros 95% ocupam uma ampla faixa que vai de regular a ruim. A tarefa do docente é fazer com que essa massa de relapsos tenha êxito. Obviamente, ele fracassa em seus objetivos. Ou por culpa da turma (não seria turba?), ou por culpa própria. As percentagens acima continuam válidas para todos os profissionais. A tese não é minha, mas a endosso como verdadeira. Assim, apenas 5% dos professores são bons, capazes de propiciar a aprendizagem dos 5% de seus alunos. Certamente, o mau professor consegue diminuir esse índice, constituindo-se, por seu turno, na causa dos 95% atuais. Outros também são responsáveis pela situação educacional brasileira, como os pais, por exemplo. A percentagem dos pais que fazem a diferença era muito maior há três décadas. As últimas ingerências do Estado visam a beneficiar a grande maioria (quantidade que não redunda em qualidade). Em relação ao ingresso na universidade pública, o mérito intelectual continua sendo a forma mais justa, institucionalizada pelo próprio Estado. Os 95% de regulares a ruins continuarão a pagar cursinhos pré-vestibulares, dentro dos quais apenas 5% são bons a excelentes. Da mesma forma, pagarão rios de dinheiro para as universidades privadas* (dentro das quais...).
* Universal privado não configura uma contradição?

domingo, 27 de julho de 2008

PROSA X POESIA

A despeito da revolução modernista ter inovado na produção literária, ainda há uma diferença entre a prosa e a poesia que precisa ser observada: a prosa é diacrônica; e a poesia, sincrônica. Para exemplificar, recorro ao meu poema abaixo, a dor. Mais precisamente, à estrofe
oo
oooootoda
ooooovi(d)a
oooooflor
oo
Diacronicamente, essa construção se transforma em todavia, a vida é como uma flor ou toda vida é como uma flor. Na prosa, há uma sucessão temporal bem definida pela coesão entre os termos que constituem o enunciado. Na poesia, isso é rompido com um novo arranjo, cujas lacunas sustentam a estrutura também espacial do poema.

PRÊMIO CAMÕES 2008


O escritor baiano João Ubaldo Ribeiro ganhou o prêmio mais importante atribuído a autores de Língua Portuguesa. Neste ano, o júri avaliou apenas os brasileiros, critério que descontentou os portugueses. João Ubaldo é autor dos romances Sargento Getúlio, Viva o povo brasileiro, O sorriso do lagarto, A casa dos budas ditosos, entre outros. Publicou livros de contos, literatura infanto-juvenil, crônicas e ensaios. O escritor comentou que se ganhou o prêmio é porque merecia. Os 100 mil euros servirão para complementar sua "aposentadoria de R$ 1.200".

sábado, 26 de julho de 2008

NO ÂNGULO

No Mercado Brasil Novo, perguntei ao Reinheimer qual seria o adversário do Inter neste sábado. Após a resposta, disse-lhe profético: um a zero para o Ipatinga ("lanterna" do Brasileirão). Ele não me pediu um palpite para amanhã. Ainda bem. A paixão pelo tricolor me leva à parcialidade. Na condição de torcedor, arrisco dizer que o Grêmio passará pelo Palmeiras (para ninguém mais alcançá-lo).

LUA


bordado de luz
para emendar os dias
no tecido inconsútil
oooooooooooooooda noite

sexta-feira, 25 de julho de 2008

a dor

a dor
é(n)sina
oo
seus métodos
libertam
do prazer
oo
a morte
espinho
cicatriz
oo
toda
vi(d)a
flor
oo
nas faces
do aprendiz

MOTIVO DE FESTA

Hoje é o Dia do Colono, Dia do Motorista e Dia do Escritor. Não fosse a festa da Vila Betânia, a data não seria lembrada. O comércio não vende, a mídia não divulga (paga pelo comércio) e, conseqüentemente, a população não é condicionada a consumir. O colono, significando o descendente de imigrantes fixado em colônias, transformou-se ao longo de gerações sucessivas (mudando-se para a cidade, inclusive). O motorista ainda não é reconhecido a(e)fetivamente como merece. E o escritor, pior do que os outros dois, passa despercebido da grande maioria analfabeta funcional. A identificação entre colono e agricultor (cuja data é 28 de julho), forçou o reconhecimento da sociedade urbana, com raízes no campo. O motorista conta com um aliado da cultura cristã (São Cristóvão), o qual é festejado neste dia. O escritor, no entanto, sofre de um distanciamento popular muito maior (que diminui um pouco com a morte). A melhor homenagem a ele consistiria na leitura de seus textos, na maior circulação de seus livros. Futuramente, a figura do colono será histórica, substituída por a do agricultor. O motorista, em contrapartida, ganhará importância crescente, à medida que os meios coletivos serão, forçosamente, mais empregados. O escritor, com o letramento da sociedade, recuperará o prestígio que tinha na Antigüidade, não mais com o poder, mas como representante do homo ludens. Até lá, toda homenagem aos três é um motivo de festa.

terça-feira, 22 de julho de 2008

ARTE POÉTICA


o poema se faz
com a captação
de uma imagem
– amora
que se colhe
da imaginação
ou da memória

as palavras
não passam
de instrumento
– vara
com que se apanha
essa fruta
de doçura
oooooooorara

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O QUE É POESIA?


Poesia é algo que excede o “eu” do poeta transfigurado em metáforas. Afora o aspecto formal, lingüístico, o que caracteriza a poesia em sua essência é o sentimento. Não sou poeta porque escrevo versos, com ritmos e rimas, mas porque sinto diferentemente o pulsar da vida em cada coisa, em cada ser presente. Sou poeta desde antes de escrever uma palavra, porque a contemplação não necessita de uma estrutura textual. Desde que me conheço por gente, vejo de uma maneira especial (e indescritível) o sol nascente, o azul das manhãs, as borboletas com semeadura nas asas, as flores do campo... Apenas por isso sou poeta. Busco a doçura no improvável com uma ingenuidade que os broncos não percebem. Se não a encontro, então, escrevo minha insatisfação no papel em branco – espectro de fogo dissipado. De outra forma, caso encontre o que procuro, registro minha alegria. As palavras são sempre uma catarse de emoção maior, de prazer ou de dor. Pequena flor que se abre entre as pedras, cuja fragrância remete seu observador a uma nova estação. A sensibilidade de um temperamento poético, os outros a percebem no poema, significante que constitui significado. Mais do que originalidade e beleza, condições precípuas de sua aparição dissimulada, poesia é um “eu” que continua inatingível.

LUA AMADA


O primeiro poeta entre os homens, escrevi um dia, foi aquele que, saindo mais cedo de seu sítio, contemplou o Sol nascente, envolto em tons azuis, róseos, vermelhos e amarelos. O segundo, convencionemos, deteve-se a contemplar a Lua antes dos demais. Hoje, ainda, ela é cantada em prosa e verso, especialmente pelos apaixonados que buscam nos elementos da Natureza uma forma de interlocução poética. Os cientistas, perseguindo o sonho dos poetas, pisam em solo lunar no dia 20 de julho de 1969. Nesse dia histórico, em que Neil Armstrong afirmou representar a façanha um grande passo para a humanidade, confirmou-se que o astro é completamente estéril e que lá existe um único motivo de beleza, digno de contemplação: a vista do planeta azul.

KEFIR


Kefir é uma bebida feita de leite fermentado por uma colônia de lactobacilos e leveduras conhecida como Kefir ou “grãos de Kefir”. Originária do Cáucaso, só foi introduzida no resto do mundo no início do século XX. Na falta de leite, usa-se água pura e açúcar mascavo. Os grãos de Kefir multiplicam-se conforme vão sendo cultivados, quanto maior a temperatura mais ativos ficam e, por conseguinte, aumentam mais rapidamente o seu tamanho. Por isso, são tradicionalmente doados e as orientações para seu cultivo são passadas oralmente. Abaixo de 10ºC, o Kefir entra em estado de hibernação. Caso não quiser utilizá-lo, guarde-o na geladeira.
Modo de fazer:
Num recipiente não metálico, junte os grãos de Kefir, água pura e açúcar mascavo (opção mais econômica), ou leite apenas. Após 24 horas, separar os grãos de Kefir do líquido com o uso de um coador ou peneira fina. Com os grãos lavados, reinicia-se o processo. A bebida pode ser consumida sem restrições, cujo maior benefício é a eliminação de microorganismos patogênicos da flora intestinal. Com a ingestão de Kefir não há intestino preso ou solto.

(A foto acima mostra os grãos de Kefir limpos, prontos para recomeçar o processo da fermentação)

domingo, 20 de julho de 2008

UMA NOVA ESCRITORA


Algumas promessas literárias já despontam no horizonte de eventos que justifica o epíteto Terra dos Poetas para a nossa Santiago. Entre os novíssimos escritores, Erilaine Perez é um nome que merece nossa atenção. Seus primeiros textos (publicados no Letras Santiaguenses e no projeto Santiago do Boqueirão, seus poetas quem são?) permitem essa apreciação favorável. Ultimamente, vem editando em seu blog www.erilainepoeta.blogspot.com. A crônica da Erilaine é de uma profundidade e de um estilo que desperta o encantamento poético. Abaixo, transcrevo dois exemplos que iluminam:
oooo
ILUSÃO
Seus olhos estavam distantes demais para que visse com clareza. A última imagem que o espelho refletiu, mostrava duas luas escorrendo-lhe olhos abaixo, rio adentro. Esse curso talvez fosse o único que de fato não poderia perseguir, nem que desejasse, era o caminho do meio. A percepção, já totalmente distorcida pelos eventos passados, confere-lhe ainda hoje uma aura de tristeza. Um silêncio de estrelas vive a queimar seus ossos. Anda distraída por aí, entre luzes e sombras do que um dia fora, vivendo de mimetismos como uma camaleoa. Ela mesma não tem mais certeza quanto à veracidade do que vivencia. Mas ainda pode lembrar dos ataques que sofrera por ter ousado falar o que entendia... Verdades não existem... A resposta havia chegado voando sobre a ilusão óptica das cores, no fenômeno da fundamental ausente, nas sensações táteis contrastantes. Ela há muito descobrira que o tempo nem mesmo é. Alimentava-se dos segundos, minuto a minuto, e regurgitava um limo ainda fértil desde mil anos. Observava as pessoas. Pensava... São como aranhas, tecendo teias que vão garantir o equilíbrio entre o real e o imaginário. Fingem o tempo todo que não são moscas o que comem no jantar. E essa é a grande verdade em que se debruçam com enfunado orgulho. Aliás, a história da humanidade não foi construída guerra a guerra, forjada em orgulhos? Elementar... Preferiu o exílio ensimesmado, e hoje eu posso entendê-la. Ela é diferente de todos os seres que já conheci, inclusive os da escala irracional. É a própria definição da ilusão, como a sua verdade mostra que tem que ser.
oo
ANTES DAS FLORES
Mergulhar na profundidade do sonho e emergir para a realidade. Era esse o seu propósito desde o princípio. De que adianta ser poeta, dono de asas, mas covarde para voar?
Partira para o arroubamento bem antes da estação das flores, quando as folhas ainda não haviam brotado e os galhos das árvores estavam secos.
Contemplativo, meditou sobre a ausência de cores no caminho e concluiu ser milagre a época da floração. Afinal, onde fica encubado o verde até que o sol nasça na primavera?
Pensou que talvez estivesse guardado na memória de quem atravessa o inverno a sua espera. Aquietou-se.
Seguiu caminhando no cinza turvo das dezoito horas, bagagem pequena nas costas. Não importava naquele caminho o que vestir ou parecer, mas as impressões que a estrada vazia desperta em quem busca sentidos que vivem no nada.
E foi do nada que nasce como limo no meio das pedras que ele encontrou os versos de um poema. Do nada que viu entre o bico do pássaro e a penugem do ninho que pôde visualizar o instinto.
No meio do caminho, a primavera chegou. E no intervalo absoluto de tempo entre botão e rosa, ele entendeu o rumo até o fim.
Muitos nadas acontecem todo dia na algaravia. Foi preciso o distanciamento das vozes para a liberação do gênio.
A multidão dos teres e haveres que confundia sua mente, logo ficou para trás. Ele ficou imerso até as asas nesse imenso mar. Encerrado no corpo, um estado entre o oxigênio e a liquidez. Senda ou sina, não sei. Apenas o entendo como ninguém mais poderia. Entendo-o, porque também sou poeta.

oo

sábado, 19 de julho de 2008

COLUNA DO JUREMIR MACHADO DA SILVA


NÓS, OS TROUXAS
oo
Estou ficando paranóico. De novo. Qualquer um sabe que até os paranóicos têm alguma razão em desconfiar dos políticos no poder. Ou todas. Alguém acredita mesmo que o tal delegado Prótogones Queiroz 'pediu para sair'? Alguém crê mesmo que, no auge da carreira, logo depois de ter promovido a queda de um grande banqueiro e de ter flagrado o secretário da Presidência da República trocando gentilezas com o advogado petista do novo inimigo número 1 da Nação, Prótogenes, cansado de tantas glórias efêmeras, entregou o cargo para fazer um obscuro curso de aperfeiçoamento pessoal? Eu acredito piamente. Exporei as minhas razões para convencê-los de que essa é a única hipótese razoável, defensável e até justa.Observei muitas imagens de Protógenes Queiroz e concluí que ele é um homem discreto. Tudo nele transpira comedimento, calma e equilíbrio. É perceptível que ele não gosta dos holofotes. Cumprido o seu trabalho, decidiu retirar-se para não prejudicar o avanço das investigações com alguma convicção pessoal injusta ou com alguma atitude impensada. Não bastasse essa evidência de que o afastamento de Protógones foi uma simples coincidência ou a manifestação de um desejo pessoal alheio a qualquer pressão ou segunda intenção de autoridades querendo abafar alguma coisa, o presidente da República propôs publicamente, por altas razões morais, a permanência de Protógones no caso. Alguém seria capaz de imaginar um jogo de cena, uma mentira, uma hipocrisia, um discurso duplo de parte do nosso presidente operário? Eu não. Eu ponho a minha mão no fogo pelo presidente. Ponho o corpo todo no fogo. Tenho certeza de que ele faria o mesmo por nós. É um homem que se submete com prazer aos maiores sacrifícios. Estou entusiasmado com o equilíbrio na prática de espionagem brasileira: é golpe por golpe, gravação por gravação, rasteira por rasteira. Protógenes divulgou gravações envolvendo o secretário da Presidência. A PF divulgou gravações envolvendo Protógones. Na União Soviética também era comum, de uma hora para outra, que personagens incômodos ao governo, por mera coincidência, se afastassem dos cargos. Alguns chegavam a retirar-se por longos anos para a Sibéria sem que nada os forçasse. De repente, sentiam vontade de mudar de vida, de tudo abandonar, de fazer uma grande viagem de aperfeiçoamento pessoal. Os russos não eram tão sofisticados e não chegavam a implorar para o defenestrado permanecer. Simplesmente não o impediam e até lhe forneciam meio de transporte para a Sibéria. Não tentem nos enganar. Sabemos que Protógenes não foi pressionado a sair. A prova de que não foi empurrado para fora é que isso daria na vista. Geraria desconfianças, suspeitas e críticas. Nossos governantes não se permitiriam uma manobra tão baixa, vil e idiota. Saberiam que até nós, os trouxas, perceberíamos a sacanagem. Logo, sejamos lúcidos, nada disso aconteceu. Se Protógenes disse que a PF filtrou as gravações, eliminando o que não lhe era conveniente, foi só para mostrar o quanto a PF se preocupa com a pureza da língua portuguesa. Havia algumas palavras de baixo calão nos trechos cortados. Alguém imaginou mais do que isso? Eu não. Estamos no melhor dos mundos: não houve mensalão, Cacciola não estava foragido e Protógenes jamais sofreu qualquer pressão para abandonar o caso Dantas, que também não tentou subornar a Polícia. Só queria participar do Bolsa-Família. Basta, por favor, de maledicência.
(Correio do Povo de 19 jul 2008)

LANÇAMENTO DE "PÁGINAS IMPOSSÍVEIS"

O novo livro do Oracy Dornelles, Páginas impossíveis, já tem local e data para ser lançado: Centro Cultural de Santiago, dia 9 de agosto, às 19:30h. O professor Noé é o responsável pelos convites e recepção dos convidados. Do protocolo de lançamento, pode-se adiantar que haverá um show musical (com apenas quatro números). A apresentação do escritor e da obra será feita pelo Dr. Valdir Pinto e por mim.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

o caminho


o caminho
nas pedras
oo
no alinho
das pedras
oo
marcado
pelos pés
oo
na esteira
das eras
oo
o caminho
das pedras

a cortina

a cortina
da sala
pelo vão
da janela
esvoaça
oo
a brisa
da manhã
dá-lhe as asas
de borboleta
oo
mais tarde
repousa
do vôo
colada
à vidraça

quinta-feira, 17 de julho de 2008

LONGE DE MIM

o vento norte
me faz
misantropo

oo
não posso
acompanhá-lo
campo fora

oo
onde as macegas
sussurram

oo
o coração
se regozija

oo
no ermo

oo
longe de todos
e de mim

terça-feira, 15 de julho de 2008

poema


o sol en
ooooootrava
em forma
de lâminas
oblíquas
e transpa
ooooooorentes
oo
a poeira
suspensa
materialiava
a luz
oo
os assombros
noturnos
se dissipavam
contra as paredes
do quarto
oo
os sonhos
eram lembranças
flutuantes
em meus olhos
oo
...

NOVA ESCOLA

A edição especial da Nova Escola está nas bancas. A revista compila os volumes 1 e 2 dos Grandes Pensadores. O tema é "educadores que fizeram história, da Grécia antiga aos dias de hoje". São 41 pensadores: Sócrates, Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de Aquino, Erasmo de Roterdã, Martinho Lutero, Michel de Montaigne, Comênio, John Locke, J.J.Rousseau, J.H.Pestalozzi, J.F.Herbart, Friedrich Froebel, Auguste Comte, Karl Marx, Herbert Spencer, Émile Durkheim, John Dewey, Maria Montessori, Ovide Decroly, Édouard Claparède, Henri Wallon, Alexander S. Neill, Anton Makarenko, Antonio Gramsci, Célestin Freinet, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Anísio Teixeira, Carl Rogers, B.F.Skinner, Hannah Arendt, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Edgar Morin, Michel Foucault, Lawrence Stenhouse, Pierre Bourdieu, Emilia Ferreiro e Howard Gardner.
John Dewey: "O professor que desperta entusiamo em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, pode obter".

CARÁTER ANTICIENTÍFICO

O jurista sustenta que o Direito é uma ciência. Como senso comum, nunca duvidei dessa classificação, pelo menos até questionar sobre as diferenças entre as ciências exatas, físicas e naturais, com objeto e conceitos definidos, e as ciências morais e normativas. Por esse viés, cedo concluí sobre a importância da Filosofia e decidi me tornar um pensador. Hoje, socraticamente, pergunto onde está a objetividade do Direito. Nas leis? Mas a lei que possibilita duas ou mais interpretações é objetiva? Ou se faz ciência, ou filosofia. Quem está certo: o ministro do STF, Gilmar Mendes, ou o juiz federal Fausto Martin De Sanctis? Os dois? Os dois. A prova do crime não constitui objeto suficiente para prender o criminoso? A interpretação acaba se sobrepondo ao dado que a origina, ocultando-o sob a retórica conceptual. Outro caso que excede em subjetividade: o julgamento de Vitalmiro Bastos de Moura (acusado de ter sido o mandante do assassinato da irmã Dorothy Stang). Em maio de 2007, o Tribunal do Júri do Pará condenou o fazendeiro a 30 anos de prisão. Alguma prova existia para que essa sentença fosse quantificada. Como a pena foi superior a 20 anos, o condenado mereceu novo julgamento. Em maio de 2008, o mesmo Tribunal do Júri do Pará absolveu Vitalmiro. Uma diferença interpretativa pode conduzir a tais extremos? Ultimamente, isso vem ocorrendo com o sensacionalismo e a parcialidade que denegam o caráter científico.

domingo, 13 de julho de 2008

PSIU!!!

Gentil visitante, faça um comentário sobre as postagens deste blog. Anonimamente, não.

RINCÃO DOS MACHADO


Ontem tirei essa foto, sentado na varanda da casa do meu pai, no Rincão dos Machado. Entre o velho umbu (à esquerda) e o velho cinamomo (à direita), o Sol se pondo no horizonte distante (onde se localiza a vila Cerca de Pedras). Um pôr de sol extraordinário, porque contemplado da casa paterna.
Depois de três meses, fui ao rincão em que nasci, a trinta quilômetros da cidade, a Lés-Sudeste (ESE). Não há outro lugar em que me sinto melhor, apesar de não mais reencontrar a mãe. O vazio que ela deixou há dois anos aumentou o silêncio da minha alma é verdade, mas a vida continua na casa ocupada pelo pai (Vatinho) e pelo irmão (Marcos). Com seus 74 anos, o pai disse uma coisa interessante sobre sua velhice: "Quero durar até terminar, mas não quero terminar antes de muito durar".
Hoje a Maria fez quinze pães, que foram assados em forno de barro e tijolo. O processo: A lenha é queimada por uma hora e meia; as brasas são retiradas com uma vassoura de cabo longo; a temperatura é testada com uma palha (que não deve tostar logo); as formas são colocadas dentro do forno com uma pá também longa (para evitar o calor); a boca e o suspiro são fechados; 40 minutos de espera; e o pão está pronto. Desde o pão que a mãe fazia, não comia pão tão bom quanto o pão feito pela Maria hoje, à tarde.
Abaixo, duas fotos (antes e depois):

A Maria também fez uma panelada de chimia de abóbora (Houaiss grafa chimiê). Ajudei minha irmã nessa empreitada e mereci trazer uma parte do doce vermelho para passar no pão.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

LANÇAMENTO DE LIVRO


Ontem fui ao lançamento de Dias de sol e vento, do Cácio Machado da Silva (foto). Mais do que um compromisso (na condição de Diretor do Departamento de Literatura do Centro Cultural), foi um prazer participar do acontecimento. O livro do Cácio é de poesia (que tenho definido como a quintessência da expressão verbal). Protocolarmente, fiz a seguinte locução:
ooo
O mundo tornou-se mais e mais racionalizado, movido por avançadas tecnologias. Era inevitável que se tornasse mais materialista, cujo modo de existência predominante é o TER. Todavia, ainda subsiste a essência afetiva do homem – por intermédio da fé, da moral, do amor, da arte...
O SER, capaz de admiração e encantamento, continua mais vivo do que nunca, sob a pele de aparência do real. Nesse modo, a imaginação, por exemplo, tem status de verdade. Por isso, a Ilíada de Homero é mais importante do que a guerra troiana. No dizer de Will Durant, historiador e filósofo norte-americano, “sete Tróias jazem soterradas enquanto Helena é um imortal sinônimo de beleza”, pura criação do poeta.
A poesia é a manifestação do espírito, ao mesmo tempo, criador e contemplativo. Poder que funda o tempo mítico, por intermédio da palavra, e descreve as estrelas, os pássaros, as flores, tudo o que existe como parte do nosso universo interior.
Por falar em pássaro, Carlos Nejar escreve que “a arte da poesia é a arte do vôo. E as palavras no texto precisam flutuar mais leves do que a densidade do ar”. A poesia se faz com palavras que sonham em busca de sentido.
Ao contrário da República de Platão, que não admitia poetas, Santiago constitui-se já num lugar privilegiado por esses “encantadores de imagens e palavras”. Juntando-se a Manuel do Carmo, Aureliano de Figueiredo Pinto, Zeca Blau, Sílvio Duncan, Antônio Carlos Machado, Oracy Dornelles, novos nomes surgem no horizonte de eventos da nossa terra.
CÁCIO MACHADO DA SILVA, a partir de hoje, faz por merecer um lugar entre os nossos poetas. À semelhança dos demais, também telúrico, como o prova este seu livro de estréia: DIAS DE SOL E VENTO.
Um aspecto chama logo a atenção em seus poemas: a oralidade, que caracteriza a poesia de um Mário Quintana, por exemplo, aproximando o texto literário da fala cotidiana.
O livro traz a classificação “prosa e verso” (subscrita ao título). Com propriedade. Após a revolução estética modernista, os gêneros se (amalg)amam sem problema algum. O mesmo ocorrendo com o uso da linguagem, ainda dividida pelos dicionaristas em “universal” e “regional”. O autor canta sua aldeia com um vocabulário crioulo (galpão, coxilha, saleiro, xucro) e canta os temas mais recorrentes do mundo sem fronteiras, com um lirismo enxuto de verborragia. Exemplo disso é:
oo
FRATER
oo
No escuro
ooooooodo breu
da grande pirâmide,
tateamos eternamente,
atrás
ooooda visão
oooooodo grande olho.

Buscamos saber
ooooooooooque ser
ooooooooooosomos
no claro.
oo
Alguns poetas amadurecem tardiamente, por isso seus primeiros frutos já trazem a outonal doçura que desperta a fruição do leitor.
DIAS DE SOL E VENTO revela um poeta maduro, na forma e no conteúdo. A partir de hoje, esse filho santiaguense se soma à plêiade que justifica o nobre epíteto dado a Santiago –
Terra dos Poetas.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

CARLOS NEJAR (AOS PROFESSORES DE LITERATURA)

Carlos Nejar é o maior poeta vivo da Língua Portuguesa, embora não usufrua de mesma popularidade experimentada por um Drummond, um Bandeira, um Quintana, entre outros. Nenhum mereceu tamanha atenção da crítica (nacional e estrangeira). A poesia nejariana é, sem cotejamento, a mais vasta e profunda, feita de metáforas puras e de um amálgama lírico, épico e dramático. Como prova disso, o poeta-pensador também se aventurou na prosa a partir de 1991. Seus romances confirmam a própria tese expressa em História da Literatura Brasileira, lançado na última Feira do Livro de Porto Alegre. Nesse livro, Nejar escreve:
O ponto axial da criação contemporânea tem sido gerado por dois preconceitos. O primeiro, o da verossimilhança. O segundo, o dos gêneros em relação à linguagem e vice-versa. A verossimilhança na ficção ou na poesia não passa do fingimento pessoano. Ou entramos dentro da mágica da invenção, ou não temos esperança. A lógica está centrada na mágica e essa é a única verossimilhança admissível. “No amor que tiverdes, / tereis o entendimento dos meus versos.” (Camões) E tal lógica é a do amor que conflui noutra dimensão da realidade, como a dos sonhos e pesadelos. Ou a própria realidade rebenta do que é mágico. “Nada é mais inverossímil do que o real”, dizia Graciliano Ramos e, antes dele, Camilo Castelo Branco. “A palavra é a sombra do ato”, vislumbrou Demócrito. Contudo, a palavra vai além, já é o ato. Um ato cercado de sentidos. Para sermos reais, temos de morrer da razão, para nascermos imaginando. [...] Quanto aos gêneros, jamais se negou ou se negará sua existência. O poema há de ser o poema; o romance, romance; o conto, conto; o teatro, teatro; a crônica, crônica; o ensaio, ensaio. Mas em qualquer um deles, é a linguagem que determinará os gêneros, não os gêneros, a linguagem. [...] E no romance – trato do brasileiro – em exame tem um problema que é “o equilíbrio entre veritas e a realitas (Otto Maria Carpeaux). E entre o excesso de realidade e o de fabulação, desequilibrou-se pela carência de pensamento. No entanto se move com o novo romance, que se eleva na linguagem, exigindo a arte de fabular no real e a arte de ser verdadeiro no pensamento. [...] Assim, o romance ou poema, o teatro, o ensaio, a história vivem da linguagem, não dos gêneros que os designam. É relâmpago que apenas se clareia na escrita. [...] A literatura não só é “o despertar dos mágicos”, é o despertar, aos poucos, também do que continuará sonhando. Inexistindo equilíbrio humano sem literatura. Porque lida com a imaginação.
Como crítico, quem fez tal análise do que seja literatura? Para entendê-la, certamente, muitos dos nossos professores terão sérias dificuldades. Poucos sabem que Nejar é também um prosador originalíssimo. Publicou Um certo Jacques Netan, O túnel perfeito, Carta aos loucos, Riopampa: o moinho das tribulações, O selo da agonia: livro dos cavalos, Livro do peregrino, O evangelho segundo o vento, A engenhosa Letícia do Pontal, O poço dos milagres, Era um vento muito branco, Zão, O grande vento, A chama é um fogo úmido, Escritos com a chuva e com a pedra e Caderno de fogo.

oo
(O livro História da Literatura Brasileira me foi presenteado pelo autor, que é amigo do Dr. Valdir Pinto.)

O autógrafo: "Para o poeta Froilam Oliveira, com o abraço pampeano e amigo do Carlos Nejar. PA - 28.11.2007"

terça-feira, 8 de julho de 2008

RECITAL NO CURSO DE LETRAS



O 1º Semestre do Curso de Letras, com a orientação da professora Sandra do Nascimento, realizou um recital esta noite. A sala de aula foi preparada para o evento, e os graduandos se caracterizaram de acordo com o poema recitado. Erilaine brindou a turma com Versos íntimos, de Augusto dos Anjos. Marcus Vinícius declamou o longo poema O corvo, de Edgar Allan Poe. Outros escolhidos: Camões, Drummond, Manuel Bandeira, Vinícius, Quintana, Antônio Carlos Machado, poetas gauchescos...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

AREIA... E PÉROLA


Toda atividade que visa à produção de algo requer esforço, às vezes, acima do que você é capaz de realizar. Em parte, isso explica o porquê de seu fracasso. A criação literária ou ensaística é um tipo de fazer que está no limiar do que se entende por competência. O trabalho exigido não é apenas intelectual (e físico), mas resulta de um tal estado de comprometimento holístico que se confunde com a paixão. O êxito, todavia, não depende exclusivamente disso, há outras variáveis (como o acaso, a sorte).

Poucos ofícios apresentam resultado imediato. A maioria demanda um tempo que, em certos casos, chega a ultrapassar a própria vida de quem trabalha. O melhor exemplo é o do escritor. Henry Miller expõe com humor e sabedoria esse drama no romance Sexus, o primeiro da trilogia A crucificação encarnada. Principalmente para o iniciante tardio, o tempo é motivo de angústia crônica (nada a ver com Crono, titã da mitologia grega associado ao tempo).

Qual a finalidade de um mergulho se não é para buscar do fundo uma pérola jamais vista em tamanho e beleza? Esse ideal, misto de vaidade e pertinácia, esperança e obsessão, impede a fácil desistência, o malogro - ainda que você só consiga trazer para a superfície areia, sargaço e resto de naufrágios. Van Gogh, através de uma outra figura, desabafa numa carta ao irmão Theo: Pode ter-se um grande fogo na alma, mas ninguém vem aquecer-se nele, e os que passam só avistam um fumozinho no alto, a sair pela chaminé, e seguem seu caminho.

A indiferença é pior do que a crítica. O leitor/receptor/co-autor precisa corresponder e, ao fazê-lo, ser convincente, sincero. Caso contrário, tanto o silêncio quanto o elogio (quase sempre hipócrita) resultam em frustração para o autor/emissor. O silêncio ocorre, em primeiro lugar, porque não há leitor. A seguir, evidencia-se a incapacidade cognitiva do leitor, em razão de uma discrepância lexical, falta de outras leituras e de uma resistência, sobretudo ideológica. Quem pouco lê, obviamente, comunica-se dentro de um universo vocabular restrito, não possui uma referência intertextual e agarra-se com maior determinação aos seus preconceitos.

Às vezes, o que você escreve, retomando a metáfora marinha, consiste numa pérola para alguns, mas não passa de um seixo comum para a maioria. O inverso também ocorre: a preciosidade para muitos, mais suscetíveis de se iludirem com o brilho, não resiste à análise de poucos entendidos, como alguma coisa sem valor.

Um dia você pensa que o artigo que escreveu talvez não chame a atenção do leitor, que não se publique o poema enviado ao jornal de grande circulação, que o conto sequer passe pela comissão julgadora, enfim, desacreditado de si. Nesse momento, o projeto de publicar o que já produziu é vetado pela autocrítica. Quando tudo parece difícil de acontecer, eis que surge um amigo que há muito não encontrava. Abraça-o. Conta-lhe as últimas em relação à família, ao trabalho, à vida em geral. Inesperadamente, ele pergunta a você como funciona a produção de um texto, a começar pela escolha do tema. Surpreso, você confessa que parte é o resultado de um grande esforço, parte é puro insight.

Você volta para casa mais otimista, imaginando que outros leitores também estejam interessados em saber como se faz o mergulho, desde a coragem inicial à frustração de conseguir tão somente areia, sargaço e resto de naufrágios. Da próxima vez, quem sabe, eles perceberão a sua euforia ao trazer uma pérola para a superfície. Quem sabe venham a identificar a raridade do sentimento que o mobiliza continuamente. Sem essa expectativa, você abandonaria o trabalho de descobrir algumas metáforas poéticas ou de contrapontear idéias.

oo

(Publicado no jornal A Hora)

FIM DOS RIQUIXÁS



O riquixá está proibido na China e na Índia. Calcutá foi a última cidade a permitir esse meio de transporte com tração humana. Tal proibição não decorre dos numerosos acidentes ou pela pressão dos direitos humanos, mas do surto de desenvolvimento por que passa esses países asiáticos. Transitoriamente, os riquixás foram substituídos pelos ciclo-riquixás (puxados a bicicleta, motocicleta etc.). Por que "transitoriamente"? A indústria que mais se desenvolve(rá) por lá é do automóvel, meio de transporte que acaba tomando conta das vias de trânsito. Imaginem cada chinês com um automóvel!

A GRANDE PIADA


A grande piada (de mau gosto, diga-se de passagem) começou a ser escrita em 1998, com a elaboração do Protocolo de Kyoto, Japão. Em síntese, o documento propunha reduzir em 5% a emissão de dióxido de carbono até 2012. O potencial cômico se institui com essa percentagem insignificante. Grosso modo, equivale a pedir para o suicida que diminua em 5% a concentração do veneno já levado à boca. Engraçado, não é mesmo! O riso continua com a não adesão dos Estados Unidos ao tal protocolo. Para os países desenvolvidos e em acelerado desenvolvimento, o pouco 5% é muito. Ainda que a redução imediata fosse de 95% (isso só será possível com a escassez dos combustíveis fósseis ou com a agonia da espécie humana), os homens continuariam a poluir, transformando a atmosfera numa imensa lixeira. Kyoto estipulava 5%, não 95%. Todos sabemos que muitos países, entre os quais a China e a Índia, desenvolvem-se num ritmo que causa admiração ao mundo capitalista. A queima de carvão já propicia um ar quase irrespirável em Pequim. O consumo de petróleo quintuplica(rá) com as indústrias (que substituem a economia agrária) e com a frota crescente de automóveis. Em 2020, a China poluirá tanto quanto os EUA. Nenhum discurso será capaz de frear esse (pseudo)desenvolvimento. Nenhum acordo. Nada. Em Santiago, para citar um exemplo caseiro, o número de automóveis aumentou significativamente nos últimos anos. Nenhum dos nossos “ecologistas” anda a pé. Engraçado, não é mesmo!

domingo, 6 de julho de 2008

RECANTO DAS LETRAS


Tardiamente, também me cadastrei no Recanto das Letras para publicar meus textos. Exorto os caríssimos visitantes a acessar este site interativo, que comprova o que vislumbrou Simeon J. Yates acerca da "radicalização do uso da escrita" com o advento das novas tecnologias, igualmente denominada de "letramento digital" (citado por Luiz Antônio Marcuschi). http://recantodasletras.uol.com.br/autores/froilamoliveira

sexta-feira, 4 de julho de 2008

NOVA INTERPRETAÇÃO

























O problema não é a estreiteza dos caminhos, mas a falta de equilíbrio dos caminhantes.
F. Oliveira

LÁBIOS DE VENTO

a boca
da noite
tem lábios
de vento

(O poema acima foi publicado no meu livro ponteiros de palavra. Os dois postados abaixo foram escritos ontem e hoje.)


GOIABAS MADURAS

as goiabas
amadurecem sobre o muro
e o silêncio
da tarde
penetra pelas janelas
baças
da casa
que escorre
por dentro
viscosa e doce

JOSIAS (OU O HOMEM QUE ESCREVEU A BÍBLIA)

a luz
ooooooojazia
nos olhos
ooooiserenos
do rei
ooooo(josias)
oo
o mito
ooooooise fez
real
israel
oooooooa grei
(querida
de deus)
oo
jerus
ooooooooalém
o templo
oo
o livro
oooooooooa lei

SONHO PÁSSARO


Nos lugares altos

me dá uma vontade de voar

OOOOOOOOOOO(com os olhos).

quinta-feira, 3 de julho de 2008

ART 165 (CTB)



trago

estrada ooo

esotooa ooooooo

oooorooog

ooooooooooooooooo

baf(a)um

metro

bafô metro

oo

álcool

problema oooooo

ooooooooalgema

ás

sem tino

assaz ooooo

oooooosino

OO

Escrevi esse poema em 1998, quando passou a vigorar o (novo) Código de Trânsito Brasileiro. Interessante é a letra "o" isolada, representando um pneu solto com o acidente. O final, ás sem tino assaz sino, apresenta um raro efeito fonético-semântico.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

ÚLTIMA PINTURA


Extraordinário! Não encontrei outra palavra para definir o último quadro da Cristina. Essa menina vai longe.

terça-feira, 1 de julho de 2008

DIAS DE SOL E VENTO


Cácio Machado da Silva faz sua estréia na literatura com Dias de sol e vento. O acontecimento tem data e local marcados: 10 de julho, Centro Cultural de Santiago. Entre os poemas, destaco
oo
FRATER
oo
NO ESCURO
ooooooooooooddo breu
ooooda grande pirâmide,
tateamos eternamente,
atrás

oooooda visão
ooooooodo grande olho.
ooo
Buscando saber
oooooooooooooque ser
oooooooooooooosomos
NO CLARO.
oo
oo
SER NADA
oo
OSTRA-SE
oooooooooo que teme seu verbo,
seus reflexos
ooooooooooopelos espelhos da vida,
se sofre calado
ooooooooooooem pé,
oooooooooooooooooooode joelhos,
deitado.
oo
Trancafia
suas ferramentas

ooooooooooooomais rudimentares,
e
passa

oooocomo se nada fosse.
oo
O ser nada,
oooooooooooooooooooo nada ser,
oooooooooooooooitambém passa,
ooooooooooooooooooé só querer!
ABRA-SE!
oo
oo

Dois aspectos me chamaram logo a atenção nos poemas do Cácio Machado: a oralidade, que caracteriza a poesia contemporânea, e o épico cotidiano. Por isso, Dias de sol e vento não necessitaria da classificação “prosa e verso” (subscrita ao título). Após a revolução estética modernista, os gêneros se (amalg)amam sem problema algum. O mesmo ocorrendo com o uso da linguagem, equivocadamente dividida em “universal” e “regional”. O autor canta sua aldeia com um frame crioulo (galpão, coxilha, saleiro, xucro) e canta os temas mais recorrentes do mundo sem fronteiras, com um lirismo enxuto de verborragia.
Alguns poetas (entre os quais me incluo) amadurecem tardiamente, por isso seus primeiros frutos já trazem a outonal doçura que desperta a fruição do leitor.
Dias de sol e vento revela um poeta maduro, na forma e no conteúdo. A partir de hoje, esse filho santiaguense se soma à plêiade que justifica o nobre epíteto dado a Santiago – Terra dos Poetas.