sexta-feira, 16 de maio de 2008

LARÍ FRANCESCHETTO

Um dos vencedores do Concurso Aureliano de Poesia (instituído pelo Centro Cultural de Santiago) foi o veranense Larí Franceschetto. O poeta já é conhecido no Rio Grande do Sul desde o brick-a-brack do Correio do Povo, onde publicou seus primeiros textos. O Concurso Aureliano de Poesia motivou uma amizade epistolar entre nós. Há três anos, retornando de Curitiba (onde passava minhas férias), visitei meu amigo poeta em Veranópolis – a Terra da Longevidade.
O Larí prepara o lançamento de seu primeiro livro, Espelho das águas.
Abaixo, transcrevo dois de seus poemas:
OO
MADRUGADA

oo
A aranha tece
labirintos-casas
hospedando solidões.
oo
A Poesia re(colhe)
estrelas perd(idas)
na escuridão das horas.

oo
As verdes folhas amadurecidas
mudam geo(grafias)
na face das esquinas.

oo
Mais mar, amar, amora!
O que foi jogado fora
e não deveria ter sido...

oo
A algazarra na rua
são boêmios semeando luas -
antes da fria manhã
apagar o clarão da noite.

oo
Mas sei, Neruda:
Não conseguirão acorrentar
outra madrugada;
nem meu coração.

oo
(In Almanaque Gaúcho, Zero Hora)
oo
oo

OUTONO

oo
Fim de tarde
virá mover sinos
porque Deus, sei...
Mãos maduras põem
no andar das horas.
Calçadas acarpetadas
de amareladas folhas
são danças de ir embora
sob sol de março.
Acordará de novo
tudo que anoitece.
Flores darão frutos,
sobrarão vôos azuis
nos casulos emergentes.
Gestações da vida!
Somos sopro, outono:
Cigarro na esquina
roupa no varal
água do moinho
cigarra no quintal.
oo
Quero estar contigo
no que sobrar de abrigo
depois do vendaval.

oo
(Menção Honrosa – I Concurso Nacional Letra Livre – Nova Friburgo/RJ)

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