quarta-feira, 14 de maio de 2008

EU, IVAN ZOLIN, JÚLIO RUIVO...

Eu, Ivan Zolin, Júlio Ruivo e tantos outros meninos, vindos do interior, formamos a Turma 6/6 do Colégio Polivalente (Lucas Araújo de Oliveira) naquele inesquecível 1973. O número acima significa que constituíamos a sexta turma da sexta série. Hoje os dois maiores colégios de Santiago, Thomás Fortes e Apolinário, contam com três turmas equivalentes cada um.
Na década de setenta, a escola tecnicista era o grande paradigma. Todavia, não tínhamos consciência do modelo de educação em que nos inseríamos. O Brasil preteria o humanismo em razão de um arranco desenvolvimentista, material.
Após a oitava série, continuamos em cursos técnicos, no Cristóvão Pereira, no Isaías ou noutras instituições (fora daqui). Recordo-me de que desenvolvi uma aversão incontrolável pela Contabilidade, disciplina do curso de Auxiliar de Escritório. Minhas notas caíram um pouco, por conta dos números contábeis. Já não suportava a Matemática. Como reação aos números, receitas e despesas, prestei vestibular para Desenho e Plástica na UFSM. Aprovado, não fiz a matrícula (por motivo de óbices financeiros). Dois anos mais tarde, ingressei no Instituto de Artes Plásticas da UFRGS, na capital. Mais uma vez, dificuldades em conciliar emprego e estudo me fizerem desistir no segundo semestre. Meus amigos tomaram outros caminhos, ou melhor, continuaram no caminho da formação técnico-científica. O Ivan fez Engenharia Mecânica, Matemática, Física e, recentemente, Filosofia. O Júlio se formou em Veterinária. Em 1985, passei no vestibular na Federal do Paraná, curso de Letras. No dia da matrícula, não encontrei o Histórico do 2º Grau (Ensino Médio). Nesse curso, freqüentei quase dois semestres na Tuiuti, em Curitiba. Apenas em 1999, de volta à querência, resolvi cursar Letras na URI, formando-me em 2003.
Nenhum daqueles meninos, filhos de pequenos agricultores e pecuaristas necessitaria fazer um cursinho PV para ingressar nas universidades federais. Mesmo assim, freqüentávamos para não perder o gosto de estudar. À exceção do Medianeira, não havia colégio particular em Santiago, com melhor ensino. Nossos colégios estaduais eram excelentes. Por que, então, cairia a qualidade dos mesmos? Seria uma das conseqüências da Escola Tecnicista? Seria a necessidade de retomar a educação humanista? Por que o aluno da escola pública dificilmente consegue ingressar numa das federais, forçando o governo a criar uma política que o privilegie?
Não estaria justamente na queda do ensino público (níveis fundamental e médio) a causa da grande “injustiça” que teimam os defensores de cotas em atribuir a condições sócio-econômicas?

2 comentários:

Ivan Zolin disse...

Froilam!

Agradeço a lembrança daquele tempo.
Somos o resultado da transformação do Brasil rural para urbano. A expansão do ensino superior público não ocorreu na mesma proporção do ensino médio. O ensino superior teve larga expansão, ocorrendo também no ensino médio. Tudo isso colaborou para uma queda de qualidade, porém penso que o ponto de inflexão mínimo já foi superado, estamos agora consolidando e projetando um novo patamar no ensino brasileiro. A expansão da rede pública de ensino superior e das escolas técnicas é uma realidade (só no Rio Grande do Sul são mais dez). Infelizmeente nenhuma para Santiago, e o que é pior nem se fala dessa possibilidade, não há sonho na "terra dos poetas".
Os menimos, hoje são educadores, poetas ou políticos, além disso deveriam manter o pionerismo do passado, agora não para abandonar o local mas para transforma-lo. O Brasil do "Ame ou deixe-o", (a versão ingênua "ame a ame")foi superada hoje é a de deixar o homem trabalhar.

Zolin

p.s.: continuo a defender as políticas de inclusão social, espero que os cidadão de hoje sejam companheiros como foram os adolescentes do passado.

Anônimo disse...

Saudações,
No início da década de 90 fui aluno do professor Ivan Zolin na Escola Técnica Federal de Pelotas. Este professor, através de pequenos diálogos, me ajudou a dar-me conta de que minha vocação era para ciências humanas, pois me interessava muito mais por assuntos ligados à sociedade, filosofia, política e humanidades. Me formei em Eletromecânica- excelente curso- e fui trabalhar ... Mas minha natureza veio à tona com toda sua força, por conseguinte estudei direito, me especializei e caminho para o mestrado. Saudades do professor Zolin.
MATEUS LOPES DA SILVA
srmateus@bol.com.br