quarta-feira, 16 de abril de 2008

POR QUE ESCREVO?

Des'que me conheço por gente, vejo tudo em volta com um tal estado de espírito que mais tarde consegui defini-lo como contemplação. As flores, os animais, os horizontes, as estrelas, as pessoas – mil formas que percebo contemplativamente. Esse modo equivale a ver, pensar e sentir ao mesmo tempo. No instante em que contemplo, deixa de existir a distância entre o eu que observa e a coisa observada, entre sujeito e objeto. Como isso é possível? Ao olhar uma rosa, por exemplo, encanto-me com ela (como se a visse pela primeira vez, sem o conhecimento prévio que me diz como é uma rosa). O êxtase contemplativo ocorre no presente. O modelo que trago de uma flor já é passado. O turista, que viaja para lugares diversos, vivencia amiúde a experiência da contemplação. Sua mente se recupera do embotamento causado pela mesmice cotidiana, abrindo-se para o novo. Por isso, a viagem a passeio sempre causa um prazer indescritível. O avançado processo de coisificação em nossa sociedade já permite relacionar viagem e sonho de consumo. Lamentável! A alma seduzida pelo mercado perde o melhor de sua sensibilidade, que se destinaria a simplesmente ver, contemplar. O mar me faz mergulhar os olhos contempladores em sua dimensão oceânica. Outros sentidos participam como se o mar não existisse sem eles, ou eles não existissem sem o mar. Ouço o marulhar (uma das canções mais antigas da Natureza). Aspiro o cheiro da maresia. Sinto o contato doce das ondas com o meu corpo (que flutua). Quando vi o mar pela primeira vez, experimentei uma emoção semelhante com aquela já conhecida ante as flores, os animais, os horizontes, as estrelas, as pessoas – mil formas que percebo contemplativamente, des’que me conheço por gente.
oo
Espero ter respondido à pergunta do título.

Um comentário:

Rúbida Rosa disse...

SEM DÚVIDA ESSA É A MELHOR FORMA DE CONTEMPLAÇÃO...TUDO O MAIS NOS PODE SER SUBTRAÍDO...MAS FICAM ETERNIZADAS AS MARAVILHOSAS COISAS QUE NOSSOS SENTIDOS PODEM IMPRIMIR NA MEMÓRIA.