quinta-feira, 27 de março de 2008

FRAQUEZA POLÍTICA

Em seu discurso no Senado, Cristovam Buarque faz uma autocrítica (coisa rara de acontecer). O senador fala que “a democracia se desmoraliza, em primeiro lugar, a partir do funcionamento do seu Parlamento... Essa aliança entre a nossa omissão e o excesso de medidas provisórias... essa confluência vai levar a um enfraquecimento não mais do Congresso, que já tem pouco para onde se enfraquecer, mas vai levar ao enfraquecimento da democracia”. O orador cita “um livro recente, que define a mente brasileira a partir de pesquisas feitas, mostra que, das instituições, a de menor credibilidade é o Congresso, depois dos partidos”. Os apartes vêm de representantes de outras siglas (PMDB, PT e PSDB), parabenizando o senador do PDT. Cansados dos ataques da mídia, dos intelectuais e dos cidadãos brasileiros, alguns políticos não se envergonham de fazer a autocrítica.
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Salvo melhor juízo, todo candidato ao primeiro cargo político de sua vida é cheio de boas intenções. Muitas promessas de campanha são irrealizáveis, não passam de pura idealização. A recorrência a elas é compreensível, não obstante: ainda encontram ouvidos que crêem na factibilidade das mesmas.
Por que os eleitos mudam no decurso do primeiro mandato? Por imposição do establishment, ou do partido a que pertencem? Por reconhecerem a abissal dificuldade de cumprir com o prometido? Por descobrirem que se ocultara, entre as boas intenções (dóceis ovelhinhas), uma que não era exatamente boa (lobo faminto)? Alguns se manifestam publicamente, confessando sua impotência para mudar uma conjuntura-problema. Esses merecem nosso aplauso, não o nosso voto outra vez.

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