segunda-feira, 12 de novembro de 2007

AINDA UM ROMÂNTICO

Os românticos, especialmente os poetas românticos, entediados com a realidade, fugiam para o passado ou para o futuro. Para isso, transformavam a infância ou a morte em objeto temático da poesia que os imortalizou. Saudade e angústia eram dominantes entre outros sentimentos que arrebatavam suas almas. Eles representavam uma, duas ou três gerações de indivíduos, todos vivendo no limite desse arrebatamento. Poucos conseguiam transcendê-lo (por intermédio de um eu-lírico), embora partissem em plena mocidade desta vida. A despeito de toda evolução filosófica, científica e estética que ocorreu depois, até e durante o século XX, os poetas ainda se debatem com as palpitações existenciais. Como bem expressou Ezra Pound, eles continuam sendo a “antena” sensível dos demais humanos. Não é o reconhecimento disso e a conseqüente enunciação que me tornam poeta, mas um desejo de viver além do que delimita a realidade. Nestas manhãs azuis, sou instado pelo pensamento e pela vontade a sair para o campo, cruzar colinas e restingas, respirar fundo a frescura do mato, enfim, reencontrar o menino que fui um dia. Ou, nestas tardes solares, movido por uma lembrança extremamente doce, ir ao encontro de pessoas que conheci em algum momento feliz e que não as vejo há muito. Anteriormente, a mera desconfiança de ser o único a sentir essa necessidade de fuga e de reencontro me causava uma certa angústia. Com a maturidade e empatia (que é apreciação emocional do sentir alheio), agora percebo que outros se assemelham a mim. Mesmo inserido na pós-modernidade, um sentimento nostálgico ainda me faz romântico.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estou sem palavras...Como expressar se já o dissestes.

Anônimo disse...

Estou sem palavras...Como expressar se já o dissestes.