I - Letra de Francisco Pinto da Fontoura (mais conhecido como Chiquinho da Vovó) e música de Joaquim José de Mendanha.
II - Escrito em 1838, notadamente, revela a escola literária dominante: o Romantismo.
III - Aspectos românticos do hino: apologia à liberdade; comparação com elemento religioso (divindade); ufanismo heperbólico (de modelo a toda a terra).
IV - Nenhuma palavra empregada no hino se identifica ao regionalismo gauchesco: aurora, precursor(a), farol, constância, ímpia, façanha, bravo (no lugar de brabo), virtude... Basta consultar o Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, de Zeno e Rui Cardoso Nunes. Os gaúchos daquele tempo falavam a mesma língua do Império contra quem lutavam?
V - Escrito em versos de sete sílabas, redondilha maior, apresenta uma exceção de seis sílabas: sirvam nossas façanhas. Duvido que o poeta cometesse esse erro (provavelmente de transcrições posteriores). O verso original deveria ser Sirvam as nossas façanha. Agora, sim, com as mesmas sete sílabas dos outros versos.
VI - Obviamente, a forma como se canta corrige o verso de pé quebrado.
VII - À exceção de Foi o Vinte de Setembro, o hino poderia servir a qualquer "povo" num contexto semelhante.
VIII - O exagero De modelo a toda a terra também identifica a gauchidade.
IX - Há uma contradição semântica em Mostremos valor... / nessa ímpia e injusta guerra. Como há de se expressar a virtude numa guerra injusta?
X - O "escravo" do último verso não remete à escravidão que se praticava no Brasil, mas a um escravismo bíblico ou medievalesco (romântico).
XI - Os farrapos perderam a guerra, a despeito de todos os valores (idealizados), mas não houve escravidão. Eles eram virtuosos na derrota por acaso?
XII - Outra contradição: se a emergente república preconizava a liberdade, por que os lanceiros negros foram massacrados em Porongos no final da revolução?
XIII - Por derradeiro: por que o gaúcho não é autocrítico?
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