quarta-feira, 19 de setembro de 2007

...(SIC) ...(SIC) ...(SIC)

O senhor Marcelo da Silva Duarte, mestrando em Filosofia na UFRGS, sentencia que eu não entendo nada de lógica formal. Se isso fosse verdadeiro, inferiria que ele sabe tudo, o que é questionável. De que adianta todo seu entendimento de lógica, se é incapaz de ler o que escrevi no post-causa de sua tréplica? Ali expresso com clareza que a UFRGS, UFSM, entre outras são exceção. Meu interlocutor, todavia, encasquetou de que afirmo ser o Instituto de Filosofia da UFRGS regra da generalização já esclarecida. Somando-se a essa sua querela forçada, fica subentendida certa arrogância acadêmica de sabichão (em seu comentário), tão contrária à humildade dos grandes filósofos. O senhor Marcelo também generaliza com a seguinte assertiva: "... note que o senhor não está escrevendo para leitores de sua coluna no Expresso Ilustrado". Qual o pressuposto disso? Que os leitores deste blog (atrás dos quais surge sua pernóstica figura) pertencem a uma esfera intelectual mais elevada. Não havia pensado nessa distinção, uma vez que passei a esboçar nesta página as colunas que publico no Expresso. Sou um autoditada, plenamente sabedor de que toda a leitura por mim realizada em Filosofia ainda é pouco para me considerar alguém capaz de cotejar conhecimento com um futuro mestre. Minha intenção inicial era de atribuir a falta de tradição filosófica de nossas universidades à falta de tradição filosófica no Brasil, não independente da Mãe-Europa, mas isso é uma polêmica tão grande que sequer nossos melhores pensadores conseguiram resolvê-la. Álvaro Lins, por exemplo, enfatiza o seguinte: "Nunca se explicará com suficiente exatidão o que determina a ausência de um verdadeiro filósofo no Brasil". O que fará o professor Luiz Henrique Lopes dos Santos no minicurso que fará no IFCH da UFRSG? Uma mera interpretação de Wittgenstein, não fugindo à verdadeira tradição brasileira de papaguear. O senhor Marcelo deve se preocupar em romper com essa tradição, mas não será querelando com um blogueiro de Santiago que ele evoluirá filosoficamente. Por derradeiro, a partir deste post não mais considerarei os comentários do senhor Marcelo. Vade-retro, bruxa da filosofia! A fada da poesia merece uma estada mais tranqüila.

Um comentário:

Anônimo disse...

Rs... o senhor chega até a ser engraçado, com essa histeria toda...

O fato do senhor estar preso a uma falsa dicotomia de meados do século passado é prova suficiente de quanto simplesmente não sabe do que está falando. Sugiro que se desfaça
de seus bolorentos manuais de filosofia, tão ao gosto de seu diletantismo pedante. É desse mal que a filosofia brasileira tenta já há algum bom tempo se livrar.

Antes que eu me esqueça: o fato da proposição "sentencia que eu não entendo nada de lógica formal" ser verdadeira não implica a verdade da proposição "ele sabe tudo". Trata-se, como eu já havia dito, de mais uma prova de que o senhor não entende nada de lógica formal e muito provavelmente de filosofia, embora se esforce para aparentar o contrário aos olhos de sua paróquia. Isso já tinha um nome desde o período clássico da filosofia grega.

O senhor, aliás, deveria rever sua decisão de não mais considerar meus comentários, pois o favor que lhe fiz ao aqui escrever talvez faça com que o senhor seja lido. Talvez assim o senhor não mais precise implorar por comentários a suas postagens.

Bem, já que essa é nossa despedida, não poderia deixar de dizer que o senhor, além de não entender nada de filosofia, é mau poeta, além de não saber que pretensão não se grafa com "ç":

"Reconheço que não é minha pretenção esse encargo, mesmo sabendo de sua importância para o jornal. À exceção da Língua Portuguesa, principalmente sobre sua morfossintaxe, em nenhuma matéria jornalística tenho domínio a ponto de tecer uma crítica que possa interferir na edição".

Bem, sobre o que mesmo dizia o senhor ter domínio? ...rs.

Também não é o caso, como senhor afirma de modo reducionista, que "A proposta do Conselho Nacional de Educação (CNE) visa desenvolver nos alunos seu espírito crítico - uma grande idealização que poderá fracassar em seus objetivos". Talvez seja isso que o senhor pensa, sem conhecimento de causa, da referida proposta, mas, como sou gentil, far-lhe-ei aqui o favor de reproduzir um seu trecho, retirado das "Orientações Curriculares para o Ensino Médio" para a disciplina de filosofia, da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, publicadas em 2006 (caso o senhor queira lê-las, ao invés de pensar que pode adivinhá-las, posso lhe enviar uma cópia): "Uma vez que é possível formar cidadãos sem a contribuição formal da Filosofia, seria certamente um erro pensar que à ela, exclusivamente, caberia tal papel, como se fosse a única disciplina capaz de fazê-lo, como se às outras disciplinas coubesse o ensinamento de conhecimentos técnicos e a ela o papel de formar para uma leitura crítica da realidade. Esse é na verdade um papel do conjunto das disciplinas e da política pública voltada para essa etapa da formação".

Ou seja, a referida proposta, ao contrário do que o senhor sugeriu, está atenta ao risco de se atribuir exclusivamente à filosofia "o papel de formar para uma leitura crítica da realidade". Por conseguinte, quando o senhor quiser discutir algo, ao menos informe-se sobre o assunto.

Não é a filosofia no ensino médio que deve ser temida, mas sim professores como o senhor.