sexta-feira, 7 de setembro de 2007

MEU RISO É UMA PONTE

O ideal e a realidade me dividia o pensamento, a alma. Eu vivia à procura de uma ponte que ligasse as duas margens. Por muitos anos me dediquei ao autoconhecimento, sob as orientações do grande pensador indiano Krishnamurti. Meu sonho de fazer pintura na UFRGS estava se realizando, quando percebi que tal realização me afastaria mais ainda do mundo que me circundava. O outro constituía meu problema, uma alteridade que começava em mim mesmo. O ano de 1982 foi decisivo para compreender muitas coisas. Antes de outubro chegar, abandonei a universidade e, após uma tentativa frustrada de ir ao Rio de Janeiro, retornei à casa paterna, no Bom Retiro. O trabalho na lavoura era de certa forma brutal, cortando fundo a perna e arrancando inteira a unha de um dedo da mão. A aprovação num concurso acabou me levando para o Rio de Janeiro. Depois de um ano, vim para Curitiba, onde, aos poucos, retomei os questionamentos filosóficos que formulara em Porto Alegre. Outras leitura proporcionaram um salto significativo no conhecimento de mim mesmo, mormente Nietzsche e a Psicanálise. Sobre uma corda distendida entre o ideal e a realidade em mim mesmo, evoluí na direção do "homem superior". Agora não me angustia mais o abismo que continua existindo fora de mim. A vertigem se transformou em riso, todavia. Isto mesmo: (eu) rio!

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